Reunimos alguns profissionais da área de psicopedagogia para tirar dúvidas referente a área de atuação.
PROFISSIONAIS ENTREVISTADOS:
● NOME: Marcia Aparecida Batista da Silva
● FORMAÇÃO: Licenciatura em ciências biológicas e Pedagogia com gestão escolar.
● ÁREA DE ATUAÇÃO: Coordenadora psicopedagógica
● NOME: Mônica Gennari Fernandes
● FORMAÇÃO: Graduação em pedagogia e Pós-graduação em ABA, Autismo e Deficiência Intelectual e Psicopedagogia.
● ÁREA DE ATUAÇÃO: Professora de Ed. Infantil e Ens. Fundamental I e Supervisão em psicopedagogia institucional.
● NOME: Solange de Oliveira Mendes
● FORMAÇÃO: Graduação em magistério, pedagogia, estudos sociais, geografia. Pós- graduação em psicopedagogia e mediação.
● ÁREA DE ATUAÇÃO: Professora de geografia
Pergunta 1: Qual a formação necessária que um psicopedagogo precisa possuir?
Solange: -Ter a formação em pedagogia ou psicologia.
Pergunta 2: O que faz um psicopedagogo?
Mônica: -Nosso trabalho se resume em estimular através de intervenção, os componentes que aparecem em excesso ou em ausência, a partir disso, criamos uma linha de base como conduta para intervenções.
Pergunta 3: O que é um laudo psicopedagógico?
Solange: -É um processo de elaboração de informações, testes, observação, avaliações, etc. Ou seja, somente depois de todos esses procedimentos terem a conclusão do laudo.
Pergunta 4: Qual a média salarial de um psicopedagogo?
Mônica: -Na verdade, o que baliza o salário é a formação. Se for um psicopedagogo com experiência e indicado por colegas, na clínica por volta de R$ 80,00 a R$ 200,00 a hora. Na formação de pedagogos é R$ 300,00 a hora. Estou considerando uma formação robusta e atualizada.
Pergunta 5: Um psicopedagogo possui CRP ( Conselho Regional de Psicologia)? É necessário?
Solange: -É necessário quando ele for exercer a profissão na clínica, e liberar laudos.
Pergunta 6: Qual a carga horária de um psicopedagogo?
Solange: 600 horas de especialização e 33 horas semanais trabalhadas.
Pergunta 7: Como é realizado o atendimento de um psicopedagogo?
Mônica: -Nosso papel é realizar uma anamnese da criança, normalmente vem encaminhada com alguma queixa. São os professores e os psicólogos para parceria nas intervenções. O ideal é fazer uma boa entrevista porque os fatores biológicos, psicológicos e sociais são muito importantes para o profissional.
Pergunta 8: Quais são os objetos de estudo que se utilizam na psicopedagogia?
Mônica: -A gente se baseia por meios científicos, sendo eles, o DMS 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID 11 (Classificação Internacional de Doenças da OMS). O qual entrou em vigor no Brasil este ano. Ano passado já tínhamos estudos robustos sobre os transtornos de linguagem, ou atrasos de desenvolvimento, principalmente na área de discalculia, apraxia, dislexia. Hoje todos estes transtornos são chamados de Perturbação Neurodesenvolvimental. Ou seja, são transtornos neurofuncionais e não somente de aprendizagem, como achávamos antigamente. Sempre estão ligados às funções executivas do indivíduo. A melhor abordagem para intervenção é a análise comportamental aplicada.
Pergunta 9: Como é realizada a atuação dos psicopedagogos nas escolas?
Marcia: -Na rede estadual de ensino, este profissional atua na sala de recursos, assim, possibilitando aos estudantes com necessidades de nivelamento na aprendizagem, que por vários motivos (síndromes, autismo, TDAH, etc.) precisam de recursos específicos para desenvolvimento do que se precisa aprender. O profissional em questão prepara atividades adaptativas com o objetivo de que o estudante tenha oportunidade de desenvolver as habilidades necessárias para o processo de aprendizagem.
Pergunta 10: As escolas têm aceitado esses profissionais em seus ambientes?
Marcia: -Sim, eles são escassos na rede estadual. Tem escola que tem a sala de recursos ou inerência, mas não tem professores para assumir. Esse profissional trabalha com os alunos no contra turno. Por exemplo, se o aluno estuda de manhã, ele terá o apoio desse profissional por duas horas no período da tarde, tendo apenas dois alunos por período.
Pergunta 11: Na prática, quais são as principais abordagens de um psicopedagogo com uma criança?
Marcia: -No primeiro momento tentar identificar quais são as dificuldades, as suas limitações, isso pode ser realizado através de testes específicos, aplicação de diagnóstico da escrita e leitura e avaliar em conjunto com outros profissionais a melhor forma de elaborar atividades para desenvolver uma linhagem de trabalho de acordo com as necessidades da criança.
Pergunta 12: Qual é a maior dificuldade em ser um psicopedagogo?
Mônica: -Eu, Mônica, deixei de atuar porque a pedagogia não acompanha a ciência; ela fica na parte filosófica. A atualização dos colegas fica além do necessário. Nós, enquanto psicopedagogos, trabalhamos em três frentes: prevenção, intervenção e hipótese diagnóstica. Na prevenção, as escolas não estão incluídas na lista, esperando até que a criança chegue aos 8 ou 9 anos. Perdemos a grande "Janela de aprendizagem".
Pergunta 13: Na sua área de atuação, qual foi o seu maior desafio? Conte-nos sua experiência.
Marcia: -O maior desafio ainda é a resistência dos responsáveis em procurar especialistas para apoiar o trabalho escolar. Apenas remédios e a escola comum não são suficientes em um processo de aprendizagem que envolve outras necessidades especiais. A verdadeira inclusão está longe de acontecer, pois a parceria entre os responsáveis e a escola muitas vezes não ocorre. Temos estudantes autistas com suporte triplo que apenas frequentam a escola, sem nenhum outro apoio terapêutico oferecido. Como pode esse estudante superar suas crises e limitações sozinho, sem compreender o que sente e contando apenas com a escola e alguns professores que não são capacitados para atender suas necessidades? Essa tem sido minha experiência e meu desafio: incluir de forma efetiva com uma rede de apoio em várias instâncias.
Pergunta 14: Por que você escolheu a profissão? Qual sua maior realização na área?
Solange: -Como já era professora, comecei a observar que estava surgindo muita demanda com aspectos difíceis de serem diagnosticados. Então, resolvi estudar para poder ajudar ou encontrar uma maneira de trabalhar com a dificuldade do meu aluno. E minha maior realização é ver a evolução de cada necessidade dos meus alunos, mesmo que lentamente acontecendo.
Pergunta 15: No campo de atuação quais os desafios?
Marcia: -Os maiores desafios no momento em que estamos vivendo na educação é equilibrar os conflitos das gerações atuais e dos responsáveis pelos estudantes. Supervalorizam seus direitos, mas deixam a desejar quando o seu dever é cobrado. Os professores também enfrentam esses conflitos de gerações, pois convivem com estudantes que nasceram na era digital e eles são imigrantes digitais, ou seja, sentem dificuldades em lidar com as novas tecnologias.
Comments